quinta-feira, 7 de novembro de 2013

É mesmo?

  • O mestre zen Hakuin morava numa cidade no interior do Japão. Altamente estimado e respeitado, era procurado por muitas pessoas que buscavam orientação espiritual. Então aconteceu que a filha adolescente do seu vizinho apareceu grávida. Quando os pais da moça, tomados de ira e revolta, a interrogaram sobre a identidade do pai da criança, ela acabou dizendo que era Hakuin. Transtornados de raiva, eles foram correndo até o mestre zen e, entre gritos e acusações, contaram-lhe que a filha havia confessado que ele a engravidara. Tudo o que ele disse foi:

  •  - É mesmo? 

  •  As notícias sobre o escândalo espalharam-se por toda a cidade e fora dela. O mestre perdeu sua reputação. Isso não o preocupou. As pessoas deixaram de procurá-lo. Ele não se importou com isso também. Quando a criança nasceu, os avós a levaram para Hakuin.

  •  - Você é o pai, então cuide dela.

  •  O mestre cuidou do bebê com o maior carinho. Um ano depois, a mãe, consumida pelo remorso, confessou aos pais que o verdadeiro pai da criança era o rapaz que trabalhava no açougue. Profundamente constrangidos, eles foram procurar Hakuin para se desculpar e pedir seu perdão. 

  • Sentimos muito. Viemos buscar o bebê. Nossa filha confessou que você não é o pai dele. 

  •  É mesmo? o mestre se limitou a dizer enquanto lhes entregava a criança.

  • Hakuin responde à falsidade e à verdade, à boa e à má notícia, exatamente da mesma maneira: "É mesmo?" Ele permite que a forma do momento, positiva ou negativa, seja como ela é e, assim, não se torna um participante do drama humano. Para Hakuin, existe apenas o momento, que sempre é como é. Os acontecimentos não são personalizados. Ele não é vítima de ninguém. Dessa maneira, alcança tal unicidade com o que acontece que os eventos deixam de ter poder sobre ele. Somente quando resistimos ao que ocorre é que ficamos à mercê dos acontecimentos e o mundo determina nossa felicidade ou infelicidade. 

  •  O bebê foi cuidado com muito carinho. O mal converteu-se no bem por meio do poder da não-resistência. Sempre respondendo ao que o momento presente requer, Hakuin deixou o bebê ir quando chegou a hora de fazer isso.

  •  Imagine rapidamente como o ego teria reagido durante os vários estágios desse acontecimento.

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